Em memória de Lúcia Brandi Nardelli de Assis
(02/05/1955 – 02/07/2024)
No coração da missão da Sangha Platina Solaris, há uma presença silenciosa que sustenta, inspira e pulsa, mesmo quando invisível aos olhos do mundo. Essa presença é Lúcia Brandi Nardelli de Assis, hoje reconhecida nos planos espirituais como Amma Brahmananda, A Senhora Mãe do que é Puro, Eterno e Inabalável.
Lúcia foi o primeiro portal. O corpo sagrado que trouxe à Terra aquele que hoje guia a Caminhada de Ouro: Saulo Nardelli de Assis, o semeador do Amor e da Vida Viva. Fundador da The Golden Walk e da Sangha Platina Solaris, Saulo nasceu de um ventre consagrado, e seus passos foram silenciosamente sustentados por uma mulher de fé profunda, coração generoso e missão velada.
Desde os primeiros passos da Sangha, Lúcia esteve presente. Como tantos outros cheelas, ela se sentava em escuta viva aos ensinamentos, sorvendo com humildade cada palavra. Durante a pandemia, atuou como voluntária no projeto Acolhimento, que já amparou mais de 1500 pessoas em momentos de dor e transição. Recebia voluntários em sua casa, especialmente quando Saulo visitava Belo Horizonte. Preparava o espaço com cuidado, acolhia com ternura, zelava pela paz de todos como se estivessem sob seu próprio teto.
Em 2023, a vida deu sinais de uma grande transição. Durante uma de suas viagens ao sudeste, Saulo recebeu o diagnóstico de câncer de sua mãe. Apesar da gravidade, ele retornou à Bahia para seguir firme em sua missão junto ao Divino: a edificação de Hiranyagarbha, o templo sagrado da criação — o útero cósmico onde pulsa a força da compaixão universal.

Enquanto as paredes de barro do templo eram erguidas com suor e silêncio, a saúde de Lúcia se deteriorava. Seu corpo se enfraquecia, mas sua alma permanecia vibrante. Saulo seguiu em sua tarefa com o coração em dualidade: um filho com seu coração junto a sua mãe e a entrega incondicional. Foi então que sua companheira e suas filhas assumiram um papel sutil, cuidando de Lúcia, sendo presença, sendo extensão do amor dele, que seguia construindo algo maior que ambos.
No aniversário de Lúcia, 02 de maio de 2024, Saulo fez questão de que suas filhas estivessem ao lado da avó, como um gesto de honra e de presença através do sangue que segue. Pouco depois, ele foi chamado às pressas a Belo Horizonte. Passou três dias inteiros com sua mãe, e ali viveu um dos momentos mais profundos de sua jornada.
Foi nesse reencontro que Lúcia, entre lágrimas, o abraçou com força e doçura. As lágrimas que escorreram de seus olhos tocaram a bata de Saulo, que foram recolhidas como relíquia viva. Mais tarde, essas mesmas lágrimas seriam misturadas ao barro e aplicadas nas paredes do templo Hiranyagarbha. Uma fusão simbólica entre Mãe e Missão. Entre o feminino que acolhe e o divino que pulsa. Ali, a mãe abençoou o filho. E o filho recebeu, com reverência, a força de continuar.
Mesmo diante da iminência da partida, Saulo se manteve fiel à sua entrega. Finalizou a primeira fase da construção e retornou a tempo de viver, ao lado da mãe, um mês inteiro de amor incondicional. Foram dias de silêncio, de trocas sutis, de rendição. E no dia 02 de julho de 2024, Lúcia concluiu sua jornada com serenidade.
Dois dias depois, a egrégora espiritual da Sangha confirmou sua libertação final: Moksha — a libertação do ciclo de nascimento e morte. Sua passagem foi recebida não como fim, mas como consagração. A elevação de sua alma foi acolhida como símbolo da transmutação do sofrimento em paz, humildade, compaixão e puro amor.
Foi então que um nome lhe foi revelado:
Amma Brahmananda
Amma, em sânscrito, é “Mãe”. Não apenas a mãe terrena, mas a Mãe Universal, o ventre que acolhe a humanidade com amor incondicional.
Brahmananda é “a bem-aventurança do Absoluto”, o êxtase da união com o Todo.
Amma Brahmananda, A Senhora Mãe do que é Puro, Eterno e Inabalável.
Esse nome ecoou como selo espiritual da sua missão cumprida. Como confirmação de que aquela alma doce e firme havia retornado ao Todo. E foi este nome que inspirou o novo ciclo do Discipulado 2025, que passou a se chamar: Turma Amma Brahmananda. A homenagem é mais que simbólica: é fundacional. Toda essa linhagem espiritual nasceu de um ventre que se ofereceu ao Amor, e agora permanece vivo em cada passo da nova geração que chega.
Mas sua presença na Sangha não se fez apenas pelo silêncio ou pela doçura discreta. Foi de Lúcia que nasceu também a essência do espírito da Sangha, expressa no cumprimento que hoje ressoa entre todos que caminham ao lado do Amor:
Seja feliz.
Foi a única coisa que ela sempre disse a Saulo, inabalável em sua simplicidade e profundidade. Um lembrete constante de que a verdadeira espiritualidade é, acima de tudo, um retorno à alegria essencial de ser. Hoje, essa saudação, semente lançada por uma mãe , floresce como gesto diário entre os que trilham o Caminho Dourado.


Um mês antes, a avó de Saulo também havia partido. Na consagração de Hiranyagarbha, ele entregou não apenas a memória de sua mãe e avó, mas toda a linhagem feminina ancestral. De forma ritual e silenciosa, ofertou à Terra a parte de si que o ligava ao feminino ancestral, com gratidão, dor e transcendência.
No final de 2024, Saulo, seu irmão e seu pai celebraram seu primeiro Natal sem a presença feminina que nutria o lar. Foram à Estação Flor do Alto e ali, sob o céu sagrado, plantaram um pé de caju em sua homenagem. Que ele floresça como símbolo da eternidade de Amma Brahmananda, cuja presença silenciosa continua a nutrir mundos.
E hoje, 02 de maio de 2025, no dia em que completaria 70 anos, sua memória é reverenciada. Sua luz ainda vive — nas paredes de barro do templo, nos olhos das filhas de Saulo, no silêncio das meditações, no toque do vento, no coração de cada cheela.
Na câmara de Hiranyagarbha, suas lágrimas ainda falam. E em cada prática, mantra ou transformação que floresce na Sangha, ela continua presente, irradiando compaixão para todo o cosmos.
Uma reverência em nome de todo o Voluntariado da Sangha Platina Solaris.
The Golden Walk – A Caminhada de Ouro.
