Um conto: por Saulo
“Certa vez um Buda caminhava pelo gélido inverno himalaio e concluiu que deveria percorrer os pólos, afim de provar a si mesmo que cada coisa estava em seu devido lugar. Tal percepção de lugar e de identificação com Maya, o fez percorrer cantos do mundo todo atrás de algo, que na realidade, compreendeu posteriormente que era a si mesmo.
Em uma de suas viagens, este Buda encontrou-se em um Iceberg, mas o considerou pequeno demais para uma reflexão. Caminhou mais um pouco e deparou-se com um iceberg imenso, muito maior, o qual escalou e subiu até o alto do topo, para então meditar. “Sim, cheguei a algum lugar”, refletiu o Buda! – Mas quem disse isto? – Ele falou olhando para os lados. “Acabamos de chegar no alto deste iceberg magnífico, com este fresco ar em nossa face. Ah! Que sensação de vitória.” O Buda espantou-se com algo ainda não reparado: haviam vozes em sua cabeça. E quanto mais ele tentava saber quem estava por trás das vozes, mais ele entrava em um redemoinho criado em sua própria mente. Ele então refletiu que estava num local muito alto, que o ar rarefeito era o responsável por tal articulação da mente e desceu. Considerou que talvez dando um mergulho nas águas congeladas, calaria essas vozes.
Mergulhou e espantou-se que o enorme iceberg quase não tinha base profunda dentro do Oceano e afogou-se com este engasgo da alma.
Foi levado pelo fluxo oceânico onde parou em uma planície de gelo enorme. Quando acordou, estava congelada a alma e calada a tal voz.
A planície em que se encontrava, era um grande iceberg, que não precisava ser alto, imponente; era, porém, sólido na verdade imutável que rege toda a criação.
A ilusão de que tudo passa e o reconhecimento da imutável verdade no constante fluxo do OM, fez com que o Buda se reconhecesse Iceberg e naquele momento, o Iceberg fez-se Buda.”
Namaste, queridos! 🙌🏻🌸
Saulo