RespirAr, AceitAr, SoltAr, ConfiAr
Na minha experiência de vida, nunca tive falta de nada, materialmente falando. Até começar a trabalhar, minha família me sustentou e me dava não só o necessário, mas também satisfazia alguns desejos “supérfluos”, sempre que possível. Após me lançar no mercado de trabalho, eu mesma passei a gerar o meu sustento, me dedicando e esforçando ao máximo para mostrar aos demais o quão capaz eu era e assim garantir meu emprego, e consequentemente, status, viagens etc. Dessa forma, por muito tempo estive para fora, no desejo de ‘ter’ para ‘ser aceita.’
O tempo passou e há alguns anos atrás, num processo doloroso, intenso e transformador, houve uma ruptura com esse modelo e forma de trabalho que estava me adoecendo. Foi o início da minha jornada como ‘buscadora espiritual’. Passei por muitos processos de Autocura através de terapias Holísticas, até que decidi abrir um espaço terapêutico na cidade onde resido, entendendo ser o objetivo, levar às pessoas que passam pelas mesmas questões que enfrentei no passado, a possibilidade de transformação além dos tratamentos convencionais.
Tudo maravilhoso. Iria unir o útil ao agradável – seria ‘dona do meu negócio’ e ainda ajudaria pessoas no seu processo de autoconhecimento; impossível não dar certo!
O fato é que em quase 3 anos de atividade no espaço terapêutico, não tive o resultado financeiro esperado. E mais do que isso, observei que colocava o mesmo esforço que fazia no emprego ‘formal’, a mesma rigidez, a mesma necessidade de ser aceita, de controlar os resultados e a frustração quando as coisas não saem da forma esperada. Mesmo com essa observação, o esforço continuava.
Até que, de forma abrupta, chegou a quarentena. Com os clientes em casa, por orientação dos órgãos mundiais de saúde, a minha saúde financeira degringolou. (Lembrei do Saulo perguntado: “…e quando baterem na traseira do seu carro?…”) Para agravar, não tinha a mínima vontade de divulgar atendimentos online.
Deu um nó na cabeça: “como assim? você não tem como pagar as contas e não quer trabalhar??” Era isso. Não quero. Decidi parar de querer entender se era um processo de autossabotagem e, caso fosse, decidi que assumiria as consequências. As contas não esperam, sabemos, mas a decisão real foi entregar a Deus a resolução, pois pela primeira vez percebi que não adiantaria colocar qualquer esforço, afinal, foi tudo o que fiz até então e sem grandes resultados; só me sentia exausta.
Então me permiti viver a quarentena. Mais introspecção, mais silêncio, mais respiração. Percebi como não estava respirando com fluidez, não inspirando todo o ar que tenho direito, não enchendo os pulmões completamente… a respiração estava fraca, não tinha forças para ‘puxar’ o ar. Controlava a expiração… O ar tão abundante no planeta, o ar que mantém a vida e eu me negando a inspirar a vida, a deixar a abundância fluir através da respiração. E então, como estaria a vida como um todo?
Será que haveria alguma relação dessa percepção com a prosperidade financeira? Bem, passei a ter mais consciência da respiração, a qual está muito mais fluida.
Isso me fez ficar mais centrada em meu coração, no sentir, na aceitação das coisas como se apresentam, na percepção do soltar e na confiança em Deus, no Universo. E também me trouxe sensação de paz e de tirar uma tonelada das costas.
E chegou o dia em que precisava decidir se continuaria ou não no imóvel alugado, não tinha a mínima ideia de como quitaria essa conta. Fiz contato com a imobiliária, a qual me fez uma proposta interessante. Na mesma semana, uma pessoa pediu que ministrasse um curso o quanto antes, outra me pediu um atendimento… com isso, senti de divulgar atendimento promocional com doação (sem nenhuma expectativa de retorno). Resultado: contas pagas sem que eu precisasse fazer qualquer esforço.
Sinto que O Universo simplesmente estava esperando que me posicionasse na aceitação, no merecimento, na entrega e na fé para trazer essa manifestação à minha vida. Tudo resolvido num passe de mágica!
Pra mim um enorme aprendizado e muita Gratidão!! Sigo na observação e intenciono fortemente que essa entrega seja em todas as áreas da Vida!
Deixar que o movimento, a fluidez da abundância e o Amor que há em tudo, se manifeste através de mim. O esforço denota tentar controlar o que não tem controle. É lutar contra o fluxo natural. Uma luta sem sentido.
Assim sendo, reafirmo o SIM à aceitação, à entrega, à vulnerabilidade, à impermanência, ao reconhecimento do Deus em mim, em nós.
Eu Sou reconhecendo a manifestação do Amor. Eu Sou o Amor. Eu Sou.
Gratidão Sangha. Nós somos!
Rio das Ostras – RJ